Orientações aos pais, cuidadores e educadores



Vamos falar sobre... perdas

A separação dos pais, a transferência de um amigo para outra escola, a mudança de cidade ou de escola, a morte de um bichinho de estimação ou de um ente querido. Durante a infância, as crianças podem vivenciar experiências difíceis, inevitáveis, que resultarão em amadurecimento. É muito importante que os adultos se envolvam e tentem auxiliar os pequenos durante o processo de elaboração individual, que culminará na aceitação e nas tentativas emocionais de reconstruir e dar prosseguimento à vida.

Primeiramente, é necessário considerar a maneira como o adulto lida com suas próprias perdas. Só será possível oferecer auxílio se houver coerência e verdade.

Falar a respeito do assunto é fundamental. O importante é não mentir e utilizar uma linguagem simples e clara, oferecendo ajuda e compreensão.

Especificamente no caso do luto, é preciso esclarecer, objetivamente, que a morte faz parte do ciclo natural da vida; é algo inevitável.

Segundo Franklin Santana Santos, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo:


"O que se deve fazer é ir educando seu filho através de exemplos práticos do ciclo da natureza. Semeie uma plantinha e vá mostrando como ela nasce, cresce, adoece e morre. Aquele feijãozinho plantado no algodão pode ser um ótimo aliado. Cantigas, livros infantis e filmes que tratam do assunto também ajudam. São três pontos que as crianças precisam ir compreendendo com a sua ajuda: a universalidade - tudo que é vivo um dia vai morrer -, a irreversabilidade - quando morre, não há volta - e a não funcionabilidade - depois de morto, o ser não corre, não dorme, não pensa, não age."

Fonte: Como falar de morte com as crianças. Disponível em: <https://guiame.com.br/

gospel/familia/como-falar-de-morte-com-as-criancas.html>. Acesso em: 18 abr. 2016.


Dessa forma, não é aconselhado inventar motivos para poupar um trauma, como "fulano foi viajar para sempre", "fulano está dormindo e o sonho não terá fim" ou, ainda, "fulano virou estrelinha". Esse tipo de solução pode gerar mais confusão na mente das crianças, que relacionarão esses motivos a abandono ou insegurança. A obviedade e a objetividade são ferramentas necessárias: quem morre para de respirar, de se alimentar, de andar, de passear. Esse tipo de explicação está ao alcance de entendimento dos pequenos.

As crianças devem ser encorajadas a expressarem seus sentimentos tanto em casa como na escola. É importante compartilhar as vivências para perceberem que podem encontrar apoio e oportunidade para troca de experiências a fim de superarem o sofrimento causado pelas perdas - sejam quais forem. Há casos em que é imprescindível o auxílio profissional, de um psicólogo, para avaliação e acompanhamento da criança.

Recursos como brincadeiras, expressões artísticas, conversas e histórias ficcionais são boas opções para que as crianças exprimam sentimentos e atravessem o momento difícil sentindo afeto, acolhimento e compreensão durante o tempo que for necessário. Aliás, é a partir desse conjunto de elementos que as crianças significam o mundo. Nos textos literários, por exemplo, é possível transferir as emoções a uma personagem e se identificar com as transformações pelas quais ela passa. Isso é um facilitador no processo de aceitação da realidade.

A fé, por sua vez, ao tratar de temas como a paz, o consolo, a solidariedade e a esperança de uma nova vida, entre outros, também desempenha papel importante para a superação.

É certo que o objeto da perda nunca será esquecido, mas, com o passar do tempo, as lembranças tornam-se menos dolorosas.



Belo Dia Editora Texto © Copyright 2016 Isis Junqueira e Debora Missias. Ilustrações © Copyright 2016 Arleth Rodrigues
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